A BIBLIOTECA DO MACUA

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LIVROS & AUTORES QUE A MOÇAMBIQUE DIZEM RESPEITO



INÁCIO DE PASSOS



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UMA   EXPLICAÇÃO
   A escalada do terror em Moçambique teve a conivência da Imprensa desde a primeira hora, ainda antes da independência do país. Familiarizei-me com essa certeza e o primeiro título dado a esta reportagem foi «OS PRAVDAS DE MOÇAMBIQUE» — devido ao facto dos jornais moçambicanos, dominados pelo Governo de Transição, e depois pelo definitivo, se assemelharem, no espírito e tendências, ao «PRAVDA» moscovita — optando, a seguir, por «A ESCALADA DO TERROR». Mesmo assim, tornava-se necessário descrever, pois era o factor dominante de grande parte das situações, o ambiente das Redacções moçambicanas, retratando, com a maior nitidez, o estado psicológico dos jornalistas portugueses que preenchiam os quadros redactoriais. Coloquei em foco o «Notícias da Beira» por me encontrar mais intimamente ligado a este jornal, mas todas as minhas afirmações podem ser alargadas pelo leitor aos restantes órgãos da comunicação social moçambicana, por todos eles se regerem pela mesma batuta.
   Descrevendo o estado psicológico de cada um destes
profissionais de Imprensa não tento, nem desejaria tentar, dar uma possibilidade de busca de atenuantes ao seu comportamento, mas sim, desmistificá-lo. Os crimes por eles cometidos — e por cada um individualmente — continuam crimes, por mais justificações que tentemos encontrar na ideologia marxista-leninista em que basearam tropegamente os seus actos. Essa é a razão por que dedico todas as páginas da Primeira Parte deste volume ao ambiente redactorial moçambicano, como prólogo à verdadeira Reportagem sobre alguns dos principais acontecimentos que ensombraram Moçambique, transformando a antiga colónia portuguesa do Indico numa verdadeira pátria de terror.
Queria, porém, salientar que toda a actividade da Imprensa moçambicana foi dirigida à distância por alguns membros da Frelimo, os mesmos que, cuidadosa e trabalhosamente, foram moldando as ideias de Samora Machel — inicialmente
apolítico — pelas matrizes moscovitas. E a actividade foi-lhes fácil. Bastou-lhes colocar nas direcções dos jornais homens obedientes a Moscovo e preencher os quadros redactoriais com jornalistas imaturos, ou veteranos oportunistas, afastando tacitamente quantos podiam, de qualquer modo, voluntária ou involuntariamente, contrariar a conjura comunista. Samora Machel caiu no logro e foi fácil acomodar nas Redacções jornalistas mercenários, bastando para tanto acenar-lhes com posições de destaque. Estava encetado o caminho que facilitaria a estratégia conducente à vitória do imperialismo soviético na África Austral.
    Os factos descritos são reais na totalidade. Ou foram recolhidos na minha experiência profissional, ou retirei-os de depoimentos de gente idónea, sempre avalisados por nunca menos de três testemunhas dignas de crédito. Deles o leitor pode colher as ilações que lhe aprouver, não sendo, porém, minha intenção de voltar contra o povo moçambicano a
repulsa ou a má vontade do leitor.
    No seu livro sobre o anarquismo, Daniel Guerin afirma que Proudhon constata, com desolação, que as massas têm necessidade de indivíduos que as despertem. O povo moçambicano foi despertado para o mal, na fase da Independência, por uma Frelimo que desconhecia, comunista, e a arma usada pelo Partido foi a Imprensa. Mas esta sabia que o regime que entrava em Moçambique para governar se solidarizava com os princípios moscovitas, e conclamava a necessidade da formação de um bloco comunista e ateu, que fizesse frente às ideias ocidentais no continente africano. E este regime, convertido em paladino na luta contra o Ocidente, assegurava uma nova situação no contexto africano, oferecendo a Moçambique uma importância estratégica crescente.
   As injecções constantes da Imprensa, vassala do regime,
alimentava a mística da cruzada machelista contra o imperialismo ocidental, ocultando, das massas, que a intenção deste proceder era favorecer a tentativa de domínio, por Moscovo, de toda a África Austral, domínio imperialista (mal) disfarçado numa ideologia socialista.
   Assim, entendendo-se a Frelimo, compreendendo-se a Imprensa e a posição de meia dúzia de jornalistas portugueses, que a quiseram servir, e dela servir-se de qualquer modo, num compungente e trágico mercenarismo, chega-se à resposta que queremos encontrar para esta pergunta: «Como justificar as bárbaras perseguições movidas ao povo moçambicano e à colónia portuguesa pela Frelimo?».
Creio que o leitor a encontrará nesta reportagem.
INÁCIO  DE  PASSOS


NOTA: Devido a já se não encontrar à venda e ao seu valor histórico está esta obra integralmente transcrita, pelo que aconselho a sua impressão.


INDICE
Uma   explicação     .................................................................. 7

PRIMEIRA  PARTE —Os  «Pravdas»  de Moçambique  .... 9
1.   Uma redacção em efervescência   ................................... 13
2.   Dois heróis do jornalismo ................................................. 16
3.   Moçambique com a Frelimo ............................................ 20
4.   Um estranho Fremilista .................................................... 24
5.   O ódio de jornalista aos portugueses .............................. 26
6.   Um pequeno drama na Beira ........................................... 29
7.   O trágico epílogo do 7 de Setembro ................................ 33
8.   Êxodo: Rescaldo do medo ................................................ 36

SEGUNDA PARTE —Um Moçambique  a  destruir  .......... 43
9.   A Geraldina Francesa e as contradições de Samora...... 45
10.   A dupla personalidade do Presidente ............................. 51
11.   Eu, inimigo  camuflado ..................................................... 56
12.   Num clima de terror .......................................................... 63
13.   Nenhum fica o jornalismo reaccionário ........................ 67

TERCEIRA PARTE —O Apocalipse  Moçambicano ...... 73
14.   Moçambique forte para a guerra? ............................... 75
15.   O caos económico ........................................................... 80

16.   As    nacionalizações     ................................................... 84
17.   Saque aos bens dos portugueses ................................... 91
18.   Onde se encontram as garantias? ................................. 95
19.   O marchismo Machelismo ............................................. 98
20.   O preço da liberdade ..................................................   103

QUARTA PARTE —A derrocada do Machelismo .......      107
21.   O povo Moçambicano diz «não» à Frelimo .......          109
22.   A Frelimo em duas guerras ...........                                 114
23.   A Rádio África livre ..............           .                              119
24.   A resistência:

— vários nomes, a mesma luta ..........                                     122
25.   Outra forma de resistência interna ........                        129

QUINTA PARTE —O  sanguinário estertor da Frelimo  .. 133
26. Nos campos de reabilitação .........                      .               135
27. O que é a prostituição .............                                           141
28. O assassinato do polícia Graça Diniz ........                       145
29. Portugal não foi ludibriado  ...........                                   148


SEXTA PARTE —As  opções  da independência    .... .  . .  155
30.   Recurso às armas:
— Depoimento de Uria Simango ..........               .                  157
31.   General Spínola:
Independência com referendum ..........                      .             163
32.   Otelo Saraiva de Carvalho:
A  necessária  confissão   .............    .     .                                  167
33.   Keneth Kaunda:
Moçambique, comunidade de cultura lusa ......     ..  .             170
34.   Plano de Lusaka:
Caminho para a paz   ..............                  
                               176
35.   Plano de Lusaka:
O bem-estar dos portugueses    .   .   .   .   .   .   .   .   .   .           179
36.   Dr. Almeida Santos:
Estado Federal «União Portuguesa» .   .   .  . .   ....                 183

37.   Conclusão:
Eu e o traidor Marrão .................                                             187


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Edição de 1977

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