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LIVROS & AUTORES QUE A MOÇAMBIQUE DIZEM RESPEITO
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CENTRO DE FORMAÇÃO FOTOGRÁFICA DE MOÇAMBIQUE
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ALGUNS TEXTOS, MAPAS E FOTOS
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DAS ROTAS DO OURO E FERRO AS CRISTALINAS AGUAS DAS FONTES Quando os audaciosos comerciantes-navegadores
árabes demandavam zonas mais ao Sul do território moçambicano nos primeiros séculos deste segundo milénio,
era de Manica que vinha aquilo que mais lhes interessava: o ouro e o ferro. Desde o primeiro milénio
e antes mesmo do advento do império dos Mwene Mutapa, já a população originária - mais tarde bantustanizada
pelos Shonas - escavava minas e fundia minérios nestas e destas altas montanhas de Manica. As
antigas rotas do ouro e ferro passavam por aqui. E, esses caminhos de mineração não ficaram perdidos
na poeira da história, pois, ainda hoje, passam por aqui os modernos percursos de exploração mineira,
sobretudo aurífera, ombreando com os velhos mineiros que, como outrora, esburacam a terra à procura de
filões ou buscam ouro de aluvião no garimpo das margens dos rios. Do Guro e Tombara (a Norte)
ao Mossurize no Sul, a Província de Manica aperta-se geograficamente num solo bastante elevado entre
a Província vizinha de Sofala e as terras da República do Zimbabwe. Nela ou perto dela nascem rios e
afluentes que vão desaguar nas indicas e oceânicas águas de Sofala. E são famosas as puras e cristalinas
águas de Manica, já aproveitadas industrialmente e exportadas para diversos pontos do país e territórios
vizinhos. Famosas também as suas zonas e estâncias turísticas montanhosas, seja do distrito de Manica,
seja de Sussundenga, aqui sobressaindo o pico mais alto do país, o monte Binga, com 2436 metros de altura,
Antes de continuarmos a apresentar outras riquezas agro-industriais desta bela Província, vamos continuar
a descrever, ainda que brevemente, a opulência do seu subsolo, que não fica apenas pelo ouro e ferro.
A bauxite, a mica, o feldspato, os asbestos, a cianite, a cassiterite, são outras tantas ocorrências
minerais que Manica possui, Outras, certamente, haverão, mas ainda não foram descobertas. Se este
é o potencial mineiro, o agrícola é também de grande valor e diversidade, Desde pomares de laranjeiras,
limoeiros, litchis e mangueiras, passando por vinhedos (fabrica-se vinho em Manica) e grandes plantações
de eucaliptos e pinheiros (para produção de papel e madeira) e uma farta horticultura e cultura de cereais
(milho, trigo, sorgo), até às plantações de tabaco e com fortes possibilidades também para o chá, a Província
de Manica desdobra-se em capacidades produtivas de grande valor alimentar e económico. E também
não faltam rios com óptimas possibilidades para a construção de barragens, quer para retenção de água
para consumo e irrigação, quer para a produção de energia eléctrica, como é o caso da barragem de Chicamba,
que produz energia para a Província e dá até para alimentar a rede da cidade da Beira, capital de Sofala.
Se as chuvas fossem regulares na Província e no país e não ocorressem estiagens prolongadas, as terras
de Manica floresceriam e se multiplicariam em riquezas imensas e enorme potencial hidroeléctrico.
Outrossim, a sua história e cultura não ficam a dever à geografia do território. Bastião de resistência
pela autonomia nacional, que se prolongou por muitos anos mesmo após a designada ocupação efectiva do
país a partir e de acordo com o Tratado de Berlim de 1885, caso do Báruè, Manica foi também amputada
em termos fronteiriços em resultado das rivalidades imperiais económico-territoriais entre Portugal e
a Inglaterra, sendo que esta última, por mais poderosa, ter imposto um 'encolhimento' das terras ao longo
da fronteira com a antiga Rodésia. A sua população, maioritariamente pertencente ao grande grupo
étnico Shona, enraíza uma cultura banto com uma riquíssima tradição oral, sendo evidentes os costumes
patrilineares com clãs totémicos bem definidos e tabus ainda hoje muito respeitados e temidos,
A cerâmica e a escultura em madeira e agora também em pedra, e, particularmente, a sua cestaria e outros
trabalhos em madeira e palha, com destaque para os belos e muito conhecidos cadeirões de Chimoio, mostram
bem a pujança da arte e artesanato da população de Manica, que tem na sua capital - Chimoio - um recanto
urbanístico de qualidade, com dinamismo económico e cultural que é orgulho das gentes do planalto.
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No clima temperado e montanhoso de Manica é possível a cultura de espécies frutíferas mais comuns à
cultura agrícola europeia. A videira é uma dessas plantas que se dá muito bem nesta Província. Embora
ainda não muito desenvolvida, a produção de uva já é ali uma realidade bem saborosa e com forte possibilidade
de se tornar numa grande fonte de rendimento e pólo de desenvolvimento. Um agricultor da zona iniciou
até a produção de um vinho de marca regional e a respectiva aguardente, que, passe a publicidade, tem
um nome deveras curioso: "Lágrima de Leão".
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Se as frutas de clima temperado são comuns em Manica, as tropicais são também espécies de muita produção
e rendimento. Desde as frutíferas mais conhecidas, como, por exemplo, a papaia, até às árvores de fruto
mais exóticas e oriundas de outras regiões tropicais do mundo, como o litchis (avermelhados na imagem
por ainda não estarem maduros, pois, neste caso, ficam num tom de ferrugem), fruto este que aqui se diz
oriundo da China e das ilhas Maurícias, a Província de Manica é de facto espantosa na sua capacidade
de produção de frutas. O aproveitamento industrial dessa fruta para múltiplos fins é um objectivo
urgente e de grande interesse sócio- económico implementá-lo. E, felizmente, energia eléctrica para essa
industrialização não falta. Cahora Bassa e Revuè estão prontas para servir. Outras barragens para irrigação
dos pomares podem também ser construídas por empresas privadas ou pelo Estado. Uma fruta de ouro, esta!
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